Os transtornos mentais bem catalogados pela psiquiatria, em realidade, são secundários a uma crise espiritual que se instala toda vez que ignoramos ou negligenciamos o nosso sentido de viver. Daremos um exemplo presente no Evangelho (de onde nasce a psicologia espiritual): Pôncio Pilatos estava diante de uma situação crucial: defender aquele Justo que em nada errou. Mas, não teve forças para isso. Pleiteando numerosos interesses pessoais, permitiu que Ele fosse crucificado, "lavando as mãos" perante a multidão. Lavar as mãos tornou-se ali o ato simbólico de romper com o sentido vital daquele momento e sempre que não assumimos responsabilidade sobrevém o que chamo de "CRISE ESPIRITUAL". Esta é a cisão com o sentido existencial, com a eleição da melhor escolha em cada momento e circunstância com os quais nós nos deparamos. Após o ato de lavar as mãos (e, inconscientemente, prender-se ao complexo de culpa), Pilatos desenvolveu uma estranha mania: a de lavar as mãos quase sem parar. Chegava a esfregar pedras na palma das mãos sentindo-as sujas, sem uma contaminação que fosse notável (em nível consciente). Um transtorno hoje bem conhecido e denominado TOC (transtorno obsessivo-compulsivo). Afetado pela depressão e pelo TOC, Pilatos foi demitido do cargo e exilado na Suíça, morrendo por suicídio ao lançar-se voluntariamente no abismo de um vulcão extinto. Os mecanismos sutis dos transtornos mentais, hoje recebendo a contribuição inestimável da Ciência Espírita que abre clareiras no centro dessas investigações modernas, são melhor compreendidos em suas nuanças, destacando-se a raíz da problemática que é sempre o Espírito distanciado de seu próprio valor, descrente de seus potenciais, desanimado de viver e, sobretudo, "sem olhos de ver e ouvidos de ouvir" o chamado de sua Transcendência. O tratamento eficaz das patologias mentais somente alcançará êxito definitivo mediante uma psiquiatria que esteja de braços dados com a alma e que a alma esteja de braços dados com o sentido superlativo de viver.