Algumas pessoas me perguntam "como parar de fumar se é tão difícil deixar o cigarro"? Ou ainda "vencer o álcool é algo que está acima das minhas forças. Como fazer para largar de vez a bebida"?

Realmente, estamos diante de uma tarefa complexa quando há dependência. A dependência é a associação de dois processos: a abstinência, caracterizada pela presença de sintomas clínicos sempre que o nível sistêmico da substância declina e a tolerância, que representa a necessidade de um consumo cada vez maior da substância para que se alcance o mesmo efeito do princípio.

Quero abordar aqui a questão analítico-existencial. Dificilmente alguém interrompe o uso de substâncias prejudiciais porque elas provocam efeitos danosos. Muitos me dizem: "Fumo esta 'porcaria' há anos" e faz esse comentário com um cigarro aceso. Sabem que ele conduz a situações clínicas graves, mas não param por isso. Usam afirmações que são desculpas cognitivas para conservarem o consumo: "Fumo há anos. Não vai ser agora que vou parar", "Bebo e me sinto bem. Sei me controlar".

Qualquer uso de substâncias em nível de dependência anuncia uma clara separação ou ruptura com o sentido existencial. Quem tem uma razão significativa para viver não atropela a existência com artifícios enganosos ou sensações prazerosas de ocasião.

Quando a lacuna do sentido de viver recebe o vácuo da desorientação espiritual, aí se instala o perigo da dependência como qualquer tronco de madeira serviria a contento no instante em que se naufraga no oceano gigantesco.

O dependente é um náufrago em seu oceano existencial, tendo perdido o barco e a rota segura. Resta-lhe agarrar-se a qualquer tronco ou objeto por mais estranho que pareça, a fim de não afundar. Mas, o que lhe confere ali alguma esperança só faz mantê-lo à deriva, minando sua sobrevivência.

Em diálogo com dependentes químicos, sempre lanço a pergunta: "O que vocês possuem em suas vidas que seja tão importante, tão vital, a ponto de se tornarem capazes de suportar os incômodos da falta da substância e não mais a consumirem só porque perderiam este motivo importante"?

A resposta é quase sempre "Não tenho. Perdi tudo" quando reconhecem o vazio existencial ou "É assim que eu quero viver. Ninguém tem nada a ver com isso" quando ele é negado ou nem sequer percebido.

Para superarmos um mal, precisamos de um sentido maior que nos fortifique para tal superação. É necessário lutar a favor de algo com mais valor em vez de lutar contra os prejuízos da droga. Quem luta contra o mal, injeta mais domínio em seu oponente. Quem luta a favor do bem, sequer considera o mal.

Prisioneiros dos campos de concentração nazistas resistiram às mais bárbaras torturas porque tinham como meta ficarem vivos para suas famílias ou seus amores, seus objetivos. Por outro lado, Jesus não recuou ante a morte porque seu legado de amor incluía esse exemplo derradeiro e a garantia desse legado era muito mais importante do que ficar vivo.

É assim em todos os aspectos da vida. Quem enxerga no seu parceiro ou na sua parceira o sentido do seu amor, não precisa jamais "depender" de outros vínculos; quem identifica no filho deficiente o sentido da sua entrega e devoção, não tem interesse nem tempo para lamentar a circunstância; quem reconhece que perder peso, muito além da estética, vai lhe proporcionar a chance de realizar com mais desenvoltura e facikidade as coisas que considera inadiáveis na vida, evita alimentos que engordam sem tanto esforço; quem sabe aonde quer chegar não se incomoda tanto com os pedregulhos da estrada.

E você? Você vê um sentido em sua vida, possui uma razão superlativa que esteja acima de sua dependência, capaz de lhe estimular as mais ousadas atitudes de coragem e determinação para vencê-la?

A Logoterapia propõe que você encontre essa força interior ao vislumbrar no mundo um motivo radiante que o(a) faça triunfar. Pode ser a dedicação a alguém que precise de você e que você ame; pode ser uma causa nobre, um trabalho, uma tarefa nos quais se empenhe; pode ser até mesmo no sofrimento inevitável que necessite suportar apenas porque sabe que você mesmo é o timoneiro de sua vida e não a dor ou o vício.

Lembre-se: o sentido da vida não é viver, mas transviver! Viver além das conjunturas comuns, amando como nunca se amou, trabalhando com ardor para a alegria própria e de muitos ou sofrendo por uma valiosa razão, podendo dizer mais adiante como Jesus: "Eu venci o mundo".

Você poderá dizer também: "Eu venci a mim mesmo. Não esmoreci, perseverei e consegui me superar".

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