SOBRE O PERDÃO


Algumas pessoas me perguntam "E quando já não podemos mais pedir perdão diretamente àquele a quem ferimos? Se ele já partiu, foi para longe ou faleceu? O que fazer para superar o erro e a falta dessa conciliação?

Por ter me servido de amparo também, recordo Jesus quando nos advertiu: "Reconcilia-te com o teu adversário enquanto estás a caminho com ele...".

Essa orientação tem amplo sentido. ADVERSÁRIO pode significar aquele sobre quem cometemos a falta, aquele que nos magoou e não conseguimos perdoar ou ainda o algoz interior - a culpa, o remorso - que dissolve sonhos e esperanças.

A resposta que aqui deve ser dada nos remete a este último exemplo. Se quem ofendemos já não mais nos permite o acesso por uma ausência que não podemos corrigir, precisamos nos reconciliar com o algoz interno: a culpa pelo erro. Como fazer isso?

Fazendo o bem a quem quer que seja. Repetindo a mesma experiência em outro lugar e com outra pessoa, mas dessa vez refazendo o caminho de modo a acertar e sedimentar a lição.

A alegria gerada no estranho que beneficiamos prolongar-se-á em direção ao antigo lesado e a Vida se incumbirá, em sua sensibilidade divina, de nos reconciliar, primeiramente, conosco - o nosso maior adversário - e, em seguida, com o ser que fizemos sofrer, porque todo bem que se faça, indiscutivelmente, anula o mal que se fez.

Reflitamos: "Deus quer a morte do pecado, não do pecador".

- Perdoar não serve para beneficiar o ofensor, mas o ofendido. Quem perdoa anula consequências futuras de danos psíquicos e orgânicos.

- Perdoar não é uma obrigação. É uma decisão consciente. Aquele que perdoa deve fazê-lo porque vê um sentido maduro em sua ação.

- Perdoar não significa que depois se deve viver "como se nada tivesse acontecido". Quando perdoamos, reservas e feridas ainda podem permanecer e pedem tempo para se dissiparem.

- Perdoar não é, propriamente, caridade para com o outro. É, sobretudo, bom senso para consigo. Quem conquista diluir o mal que recebeu é vitorioso sobre si mesmo. E isso basta.

- Perdoar não livra o ofensor do cárcere de débitos, mas liberta o ofendido das algemas do ódio. Não há nada mais expressivo no campo da liberdade e da paz do que deixar ao ofensor o caminho da própria consciência.

- Perdoar não é esquecer o "fato", mas o "mal" que o fato provocou. Quem tenta esquecer o fato perde a chance de aprender a lição. Quem aprende a dissipar o sentimento negativo que desenvolveu em relação ao ofensor, retém a lição e guarda o fato nas câmaras do seu próprio silêncio.

- Perdoar não é "deixar pra lá", negando-se a reivindicar os próprios direitos e necessidades. Se necessitamos recorrer a justiça para alcançar certos fins que são perfeitamente lícitos e éticos, devemos fazê-lo. Sem, contudo, submeter o ofensor a qualquer dano ou prejuízo destacado do consta no próprio direito por lei.

- Perdoar não significa submeter-se a tudo sem se queixar, para que não se insira em uma patologia conhecida como "Síndrome da Gata Borralheira", na qual a dependência afetiva misturada ao ódio são os ingredientes do amor enfermo.

- Perdoar não exige que se permaneça ao lado de alguém com quem se está infeliz. Ninguém precisa ficar ao lado de quem não quer. Mas, precisa respeitar o eixo de vida dentro do qual reside este outro.

- Perdoar não carrega a imagem condescendente do "eu mereço", isto é, "este fato doloroso me aconteceu porque sou um devedor da lei de Deus. Então, mereci o sofrimento. Por isso, devo perdoar". O nome disso é masoquismo. A Lei Soberana não se utiliza da violência para corrigir.

- Na esfera do perdão sempre questionamos: "E como fica aquele que me agrediu? Nada vai acontecer com ele?". A pergunta mais nobre é: "O que aconteceria comigo se ficasse continuamente magoado? Quantos prejuízos adicionais isso acarretaria para mim?". Muitos! Desânimo, má vontade, rendimento baixo nos relacionamentos, no trabalho, etc. E isso o ofensor não merece acompanhar.

Concluindo: Perdoar é amar a si mesmo! Perdoar é sintonizar com Deus nos Seus objetivos de paz! Perdoar é iniciar o exercício de "amar os inimigos" que não significa, conforme propõe Kardec, viver alegremente ao lado do ofensor. Requer apenas "não lhe desejar o mal" e "fazer a ele todo o bem possível", em pensamento e atos, o que está muito longe de representar o mesmo afeto que se tem pelos que nos amam.

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